O Anarquismo é uma ideologia política que defende a abolição de todas as formas de autoridade e hierarquia, com o objetivo de criar uma sociedade baseada na autogestão, na cooperação voluntária e na igualdade. Ao contrário da maioria das outras correntes políticas, o anarquismo rejeita o Estado e qualquer forma de governo centralizado, acreditando que a liberdade verdadeira só pode ser alcançada quando as estruturas de poder e controlo são desmanteladas, permitindo uma organização social mais descentralizada e livre.
Defende que o Estado, enquanto instituição centralizadora e hierárquica, deve ser abolido, uma vez que é visto como uma estrutura de opressão. A ideia é que a sociedade pode ser organizada de forma mais justa e igualitária sem a necessidade de um governo centralizado, com os indivíduos a tomarem decisões coletivas de maneira direta.
O princípio da autogestão defende que os indivíduos e as comunidades devem gerir as suas próprias vidas e organizações de forma direta, sem intermediários ou autoridades impostas. O anarquismo promove a cooperação voluntária entre os membros da sociedade, baseada no respeito mútuo e na solidariedade, em vez de relações de poder hierárquicas.
O anarquismo luta pela igualdade social, económica e política, rejeitando todas as formas de exploração e discriminação. O objetivo é criar uma sociedade onde todos tenham acesso aos mesmos direitos e oportunidades, eliminando as desigualdades e promovendo a justiça social através da eliminação das estruturas de poder que perpetuam as divisões.
O Anarquismo surgiu no século XIX, no contexto das mudanças sociais e económicas provocadas pela Revolução Industrial e pela disseminação das ideias iluministas. Influenciado por pensadores como Pierre-Joseph Proudhon, Mikhail Bakunin e, mais tarde, Emma Goldman, o anarquismo propôs uma crítica radical ao Estado, ao capitalismo e a todas as formas de autoridade coercitiva, buscando uma sociedade livre de opressões.
Inicialmente, o anarquismo emergiu como uma resposta ao autoritarismo e à exploração social dos sistemas políticos e económicos da época. Proudhon, que foi o primeiro a chamar-se anarquista, defendia a abolição da propriedade privada e a criação de uma sociedade baseada na troca justa e na organização social descentralizada. Para ele, a verdadeira liberdade só seria possível sem o controle de instituições como o Estado ou a Igreja, que ele via como agentes de opressão.
Nos anos seguintes, o anarquismo ganhou força, especialmente através da figura de Mikhail Bakunin, que ampliou as ideias de Proudhon e defendeu a revolução violenta para derrubar o Estado e o capitalismo. Bakunin e outros anarquistas acreditavam que as classes populares deveriam se organizar de forma independente para lutar pela sua libertação.
No entanto, com a Revolução Russa de 1917 e a ascensão do bolchevismo sob a liderança de Lenine, o anarquismo entrou em conflito com as correntes socialistas marxistas. Embora ambos os movimentos se opusessem ao capitalismo, o anarquismo rejeitava qualquer forma de centralização de poder, enquanto o marxismo-leninismo defendia a necessidade de um partido vanguardista para guiar a revolução. Esse conflito ficou evidente durante a Guerra Civil Russa e a Guerra Civil Espanhola de 1936, onde os anarquistas lutaram ao lado de outros grupos de esquerda contra o fascismo, mas se opuseram ao autoritarismo soviético.
O anarquismo, ao longo do século XX, manteve-se como uma corrente de resistência contra o autoritarismo e as desigualdades, tendo influenciado diversos movimentos de libertação e revoluções sociais, embora sem nunca ter alcançado o poder de forma estável. Na contemporaneidade, o anarquismo continua a ser uma crítica à opressão e às estruturas de poder, sendo associado a diversas formas de ativismo, como o anticapitalismo, o feminismo, e o ecologismo, sempre com o objetivo de criar uma sociedade baseada na liberdade, igualdade e autogestão.
Mikhail Bakunin
Dos principais ideólogos anarquistas